sábado, 19 de dezembro de 2009

LIÇÃO DE DANÇA




O bailarino volteia tentando alcançar uma estrela que lhe foge.
É como uma criança correndo num campo de flores, colhendo papoilas e malmequeres, que para além do branco amarelo e vermelho que tem nas mãos, tem os seus olhos inundados de azul e sol.
São palavras versos, são poemas é poesia em movimento.
Noutro andamento, é como um regato, remansoso, sem pressas de chegar à foz,
espreguiçando-se no seu leito, escolhendo o caminho mais longo, para não perder a magia do nascimento de um arco-íris de flores que despontam à sua passagem.
Depois, torna-se violento, frenético, gritando bem alto uma raiva dita a medo.
É um grito desesperado, uma revolta não contida contra algo que está guardado, bem fundo, nas notas da partitura e que é apenas o reflexo do que existe em seu peito e que sai de si em pérolas de cristal, feita lagrimas.
Acaba, deitado, impotente, cansado de lutar contra si próprio, contra uma violência que abomina. Fenece.
A negação de lutar, não por palavras azuis, mas por um amor azul que se dilui no tempo.


1 comentário:

Ianê Mello disse...

Jim, linda prosa poética!

Através da dança expressamos sentimentos profundos que guardamos em nossa alma.

Essa seria a dança do amor não correspondido?

Paz e Luz!

Beijos.